sábado, 30 de dezembro de 2023

Poemando: DUZENTOS E QUARENTA E QUATRO DIAS


DUZENTOS E QUARENTA E QUATRO DIAS 

Cascatas esvaídas... 
Evapora no tempo de sobrevidas. 
Que, dentro de nós, em riacho escorre. 
É um rio que se forma e pelo vale da dor percorre. 

Fluídos de um aperto sufocado nos dias idos contados.
Duzentos e quarenta e quatro dias, anotados. 
Evaporando no tempo de nossas sobrevidas! 

São pilares ruídos em lágrimas caídas... 
Alicerçados, por pilastras de fervores reerguidas. 
São risos chorosos... 
Maquiando sentires decorosos. 

São dias precedidos... 
Bordados nos fios da coragem que foram tecidos... 
Em tantos bons e sombrios sentimentos... 
Cozendo memórias sagradas que transformamos em alimentos. 

São aromas de tantos cafés... 
Coados em coadores de imutáveis fés! 
São os últimos dias de dezembro... 
Temperados nos momentos que passamos ao teu lado, no gosto que ainda me lembro! 

São dias determinantes... 
Em deixar a casa arrumada como deixava antes. 
São odores de saudades... 
Perfumando dolores com intensidades! 

São sonhos de te ver sentada à mesa para os chás das cinco... 
Sorvendo tormentas quando não te vemos saborear o licor de absinto. 
Em cálices de arranjos vazios num ambiente totalitário.
Vigiado por um Papai Noel solitário!

"Mas tudo que Eu tenho é tudo que se foi"... 
E serão eternizados os dias na vida que está tensa... 
E na saudade que em nosso caminhar percorre intensa. 

São meses de um vazio profundo... 
Cobrindo o amor que nos une mais ao fundo. 
São planos de nos encontrar, abraçar e orar... 
Buscando teu espírito de Mãe alegrar! 

São ritos como a imponente salada de lentilha... 
E o cuscuz marroquino, feito no lado que todas as luzes brilham na partilha. 
São planos de um encontro da saudade... 
Reafirmando pela tua vida nossa unidade. 

São dias de um ano novo vindo... 
São esperanças de que seja seguro e lindo! 
São convivências que na natividade acolhida se comemora... 
Até depois que a alma amada esvai do corpo e renasce onde Deus mora! 

São planos de não mais contar os dias... 
E somar a gratidão em momentos de íntimas alegrias! 
São luzes que não quero apagar... 
E que guarnecidas nas lágrimas salgadas e nas doces lembranças vindas, vamos no âmago guardar!

São correntezas do rio que devemos atravessar. 
E não podemos falhar. 
Porque são sentimentos que na outra margem haverá um jardim divino. 
Onde vamos te encontrar em nosso desatino. 

São sinais que "está ficando escuro neste meu (nosso) coração". 
Porque sinto que "todas elas (luzes) vão se apagar um dia" quando entrar outra estação. 
São dias que tenho medo porque sinto frio.
E sentindo que não falhei, ainda adormeço com calafrio! 


Obs. Poema inspirado na composição de Michel Devid Rosenberg
Música: Feather On The Clyde, (Passenger) 

Cleutta Paixão
Brasil 🇧🇷
30/12/2023

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