terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Poemando: ALMA DE GUARACIABA



ALMA DE GUARACIABA 

Alma de Guaraciaba...
vinda do tronco G, nascer numa taba! 
Ter, histórias tristes pra contar,
dos povos andantes, que aportar, 
de lugar em lugar. 
Guardiões da terra, perseguidos... 
Sofridos. Excluídos.
Índios, da etnia bororo, nativos, 
no meio da mata vivem oprimidos,
usam poucas roupas  e cocar. 

Alma de Guaraciaba... 
Índia guerreira braba,
nasce matreira boé, para governar; 
ditam leis, e vão ao mato caçar...
Beleza que forasteiro encantou, 
e jogando o laço, a raptou.
Cidade grande, seu habitat tornar!
E, da aldeia de cultura peculiar, 
sem enfeites a adornar; 
sem costumes e bens culturais carregar... 

Alma de Guaraciaba... 
No viver privado, celebrações sagradas, acaba! 
Pela vida afora, sem guerrear, 
somente, o nome primeiro levar, 
junto a maldição paterna que herdar, 
por sete gerações, no enlace  que comungar,
Mato Grosso e Portugal.
Nem ritual, de seu funeral, 
à aldeia celebrou, 
nem rituais de perfurar lábios e orelhas, vivenciou. 

Alma de Guaraciaba... 
A festa do milho, que aldeia gaba, 
herdeiros seus, costumes não herdam. 
Da ancestralidade indígena que partilham, 
conhecem o que os livros mostras! 
O artesanato não confeccionas; 
plumagem, consciência abandonas; 
pintura com argila, com make não combinas. 
Nem o xaile português, 
da origem que se misturou, comungueis. 

Alma de Guaraciaba... 
Do índio, que branco se fez, raiz desaba, 
quando Josepha Andrade gerou.
E Josepha, gerando Iracema, miscigenou, 
devolvendo sua parecença. 
Que Iracema, gerando em perseverança,
Ariovaldo, pai dessa cria, 
vinda do ventre de Luzia,
a índia que fostes espelha governança, 
e assemelha a fé da pajelança. 

Alma de Guaraciaba... 
Sem saber usar lança ou ajeitar aba; 
língua madre ou Noéwadáru pronunciar; 
Biju ou macaxeira aprender apreciar; 
onça enfrentar ou bicho caçar;
ou português de Portugal falar, 
o povo de organização social rígida, 
de aldeia, por grupo dividida, 
por deveres por lideres definidos, 
por chefes hereditários comprometidos! 

Alma de Guaraciaba... 
Na brota da jaboticaba, 
nem sei quem sou, 
nas ramas que se misturou. 
Se Alves no clã aceráe ou tugarége, 
se faria diferença ter sobrenome que lado materno rege, 
Siqueira, Alves Farias?
Se nem Abreu, Andrade Ferreira e Jesus colocarias... 
Sabemos que Rodrigues, não somos, 
no sobrenome que carregamos! 

Cleutta Paixão (pseud. Inêz Christina)
Alto Araguaia, Mato Grosso, Brasil
(20/04/2019) 

Todos os direitos textual e de imagens são reservados à autora Cleutta Paixão. Sendo expressamente Proibido a reprodução de partes ou do todo desta obra ou imagem sem citar autoria, ou autorização expressa e assinada em doc. (art. 184 do Código Penal e da Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998

Biografia 

CLEUTTA PAIXÃO, pseud. INÊZ CHRISTINA (Alto Araguaia, MT/BR.1964). Escritora e poeta (dês 1980), coautora em antologias e coletâneas poéticas editoriais e acadêmicas; artista visual (dês 1991). Cursou Bel. em Turism., Lic. em Art. Visuais e Letras; técn. em Des. e Pint. Cláss. Eur. | Dentre entidad. assoc. e acad.: AVVAMT (sócia fundadora), NALAP, AILB e AMCL | Condec. Com vários Prêmios como “Evita Peron”, tít. honorífico de “Embaixadora da Paz”. Blog Cleutta Paixão https://cleuttapaixao.blogspot.com/

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