terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Autobiografando: Acordar aos cinquenta anos


*Cleuta Paixão
*Cleuta Paixão



*Cleuta Paixão

Amanhecer "on the anniversary", após uma noite inteira em claro, desenhando e moldando figuras de linguagem a lá Wassaly Kandinsky - concepto que a arte é o domínio do irracional - objetivando por meio de mais uma intervenção na paisagem de Nova Xavantina ao recriar o "Coral de Árvores e Memória" (semelhante ao "Coral de Árvores - Memórias dos Rios de Mato Grosso" realizado em um evento organizado em 2009, com o artista Divino Sobral e artistas local, resultado da oficina de reflexão e criação em arte contemporânea), passar pela sinestesia a mensagem de paz, amor, fraternidade e dignidade, além da lembrança dos acontecimentos mais importantes dos últimos cinquenta anos no Brasil e no mundo, que chamo de "bolas" arremessadas por toda extensão, com ou sem nexo, desse modo, provocar com efeitos psicológicos e refletivos, principalmente, sobre o golpe de estado mais fascistas de todos os tempos, chamado "Movimento Cívico", ou Revolução Democrática Brasileira de 1964, o atual acontecimento nacional "a Copa do Mundo no Brasil" e a reações provocadas no decurso a sua realização e a corrupção culturalmente instalada.

Contudo, após essa noite não dormida, antropocêntrica indago como acordar com cinquenta anos, volto para mim mesma, observo e percebo que o tempo não riscou minha face, tão pouco deixa suas marcas como barriga flácida, cabelos brancos, celulites, estrias, pele envelhecida, pneuzinhos e rugas, desmitificando a imagem do ser, pessoas com esta mesma faixa etária com as marcas, sinais do tempo vivido, do tempo ido que povoava a recordação da época da meninice.

Sem direito de sentir sono ou antropocentrismo intensificado, tomo minha ducha matinal e apresso para estar ás 08:00 horas na Praça Cívica para o inicio da Interversão programada para acontecer na manhã "the day of birth" e não acontece porque o Senhor da Existência me oferece como presente uma abençoada manhã chuvosa e mostra que o tempo de realizar o "Coral de Árvores e Memória" esta por vir e me remete à assistência no preparo do jantar que a família carinhosamente programa oferecer aos meus convidados, participantes da Santa Missa de Ação de Graças, de modo a transcorrer "the day of my birthday" sem intervenção, sem espelho e sem antropocêntria.

*Cleuta Paixão
*Cleuta Paixão
*Cleuta Paixão
*Cleuta Paixão
*Cleuta Paixão
*Cleuta Paixão
*Cleuta Paixão


Acordar com cinquenta anos e sem surpresa constatar que o tempo tem sido generoso, de certo modo, amável demais comigo, mesmo que não consiga perceber neste momento suas marcas é perceptível fios tímidos de cabelos brancos reluzindo, nada que incomode ou requer retoques, inclusive existe um poder de enfrentamento e preparo da auto estima para a aceitação do tempo presente e pelo que parece a despretensão também esta com tudo em cima.

Acordar com cinquenta anos não doí, acontece tudo dentro da normalidade, um ano a mais vivenciado, apenas uma vontade imensa de ler, rever, construir ou desconstruir a mim mesma, uma vontade predominante de acertar, amar, aprender, criar laços, sorrir e viver mais. 

Uma vontade suprema de desejar "seja bem vindo "Candies fifty years", mesmo que o despertar com cinquenta anos vivenciados doa, não pelos sinais de nascença, não pelas cicatrizes adquiridas pelas travessuras nas brincadeiras de crianças ou pelos acidentes ocasionais, não pela concepção de vida, pela escolhas, pelo comportamento ou pelas decisões, estas são marcas da vida e do tempo de cada ser, muitas boas, outras ruins de serem rememoradas, todavia, com a responsabilidade de nascer do ano de 1964 e o dever de arcar com o próprio comportamento, decorrente desses cinquenta anos, pela percepção que as ações do homem de ontem provocadas pela "Ditadura Militar em nome do Movimento Democrático Brasileiro" de forma que podemos enumerar factualmente as principais, ainda pela compreensão que nada justifique as torturas e os extermínios ocorridos na farsa do Golpe de 64, sobretudo, pela percepção da impunidade dos farsistas e torturadores, além de mais, mais e mais ações em tempo decorrente que sequenciam o cenário politico da atualidade.


Despertar com cinquenta anos, com amor à sabedoria e à existência, sem niilismo, na certeza que o futuro é o tempo que há de vir, por vir, esse tempo é o presente e supremo quando reporto ao sentimento de outrora que aos vinte anos sentia com pesar que aos trinta  iria fenecer, com fé peço ao senhor da existência mais dez anos, igualmente, quando fiz quarenta, hoje, tranquila não peço nada mais, apenas professo minha fé agradecendo a vida, os dias vividos, a família, amigos, companheiros e até os adversários que muito me fortalecem, em busca constante da autonomia, espero os sinais do tempo ainda não superado pela ciência com o poder de enfrentamento de modo sensível e com ética, compartilhando "Do Alto dos Montes", extraído do Livro Além do Bem e do Mal de Nietzsche e todos os momentos "of my sweet day". 


Do Alto dos Montes

Oh! Meio dia da vida! Época solene!
Oh! Jardim de estio!
Beatitude inquieta da ansiedade na espera:
espero meus amigos, noite e dia,
onde estais, amigos meus?
Vinde! É tempo, é tempo!

Não é por vós que o gelo cinzento
hoje se adorna com rosas?
A vós procura o rio, 
suspenso nos céus ventos e nuvens se alevantam 
para observar vossa chegada, 
competindo com o mais sublime vôo dos pássaros. 

No meu santuário coloquei a mesa: 
Quem vive mais próximo das estrelas 
e das horríveis profundezas do abismo
Que reino mais extenso que o meu
E do mel, daquele que é meu, que sentiu seu fino aroma

Aqui estais, finalmente, meus amigos! 
Ai! não é a mim que procuras
Hesitais, mostrais surpresa
Insultai-me é melhor! Eu não sou mais eu
Mudei de mão, de rosto, de andar?
O que eu era, amigos, acaso não mais sou

Tornei-me, talvez, outro?
Estranho a mim mesmo?
De mim mesmo, fugido?
Lutador que muitas vezes venceu a si mesmo?
Que muitas vezes lutou contra a própria força,
ferido, paralisado pelas vitórias contra si mesmo?

Porventura não procurei os mais ásperos ventos e aprendi a 
viver onde ninguém habita,
nos desertos onde impera o urso polar?
Não esqueci a Deus e ao homem, blasfêmias e orações?
Tornai-me um fantasma das geleiras.

Oh! meus velhos amigos, vossos rostos
empalidecem de imediato,
transtornados de ternura e espanto! 
Andai, sem rancor! Não podeis demorar aqui!
Não é para vós este país de geleiras e rochas!
Aqui é preciso ser caçador e antílope!

Convertei-me em caçador cruel. Vede meu arco:
a tensão de sua corda!
Apenas o mais forte poderá arremessar tal dardo.
Mas não há nenhuma seta mortal como esta.
Afastai-vos, se tendes amor à vossa vida!

Fugis de mim!? Oh, coração, quanto sofreste!
E entretanto, tua esperança ainda se mantém firme!
Abre tuas portas a novos amigos,
renuncia aos antigos e às lembranças!
Fostes jovem? - Pois agora és mais e com mais brio.

Quem pode decifrar os sinos apagados,
do laço que une com uma mesma esperança?
Signos que em outros tempos escreveu o amor,
que luzem como velho pergaminho queimado
que se teme tocar, como ele, queimado e enegrecido!

Basta de amigos! Como chamá-los?
Fantasma de amigos! Que de noite, 
tentam ainda meu coração e minha janela
e me olham sussurrando:
"Somos nós"!
Oh! Ressequidas palavras, um dia fragrantes como rosas!

Sonhos juvenis tão cheios de ilusão,
aos quais buscava no impulso de minh'alma,
agora os vejo envelhecidos!
Apenas os que sabem mudar são os de minha linhagem.

Oh! meio dia da vida! Oh! segunda juventude!
Oh! jardim de estio!
Beatitude inquieta da ansiedade na espera:
Os amigos esperam, dia e noite, os novos amigos.
Vinde! É tempo, é tempo!

O hino antigo cessou de soar,
O doce grito do desejo expira em meus lábios.
Na hora fatídica apareceu um encantador,
o amigo do pleno meio-dia.
Não, não me pergunteis quem é:
ao meio-dia, o que era um,
dividiu-se em dois.

Celebramos, seguros de uma mesma vitória,
a festa das festas!
Zaratustra está ali, o amigo,
o hóspede dos hóspedes!
O mundo ri, o odioso véu cai,
E eis que a luz se casa com a misteriosa,
subjugadora Noite.


É gratificante ver a família envolvida nos preparativos do menu com grande apuro:








 








Mais gratificante ainda é ver como tudo esta sendo preparado com esmero e requinte para receber nossos amigos, às flores são da Floricultura da Consola:








No aconchego da primeira igreja construída em Nova Xavantina, recebemos a família e amigos para juntos professar a Fé no Senhor da Existência, agradecendo meus doces cinquenta anos:





































close to You - The Carpenters

[...] No dia em que você nasceu os anjos se reuniram e decidiram criar um sonho realizado [...]
By
Cleuta Paixão*

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